terça-feira, 2 de junho de 2009

CANETA OU FERRAMENTA? Frei Betto - autor de "Alfabetto - Autobiografia Escolar"

O Brasil, nação de bacharéis, julga que profissões técnicas são para incompetentes que não chegam a doutor. Boa profissão domina a caneta, não a ferramenta.De cada 100 brasileiros no mercado de trabalho 72,4 nunca fizeram um curso profissionalizante, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítsica (IBGE) no dia 22 de maio.O governo não investe em qualificação de trabalhadores. Em 2007, apenas 22,4% dos alunos de cursos profissionalizantes estavam matriculados em escolas públicas. Outros 53% dependem de ONGs, sindicatos e instituições particulares. O Sistema S (Senai, Senac, Sebrae) forma apenas 20% dos interessados.Segundo o IBGE, são analfabetos 13,5 milhões de brasileiros com mais de 15 anos. E de 1,8 milhões que frequentavam escolas, 810 mil admitiram não saber ler nem escrever um simples recado.O curso mais procurado é o de informática (41,7%), seguido de comércio e gestão (14%) e indústria e manutenção (11,25). São 215 mil estudantes, pouco para as dimensões do País e suas necessidades.Isso explica o nosso subdesenvolvimento. O Ministério da Educação promete, até 2010, passar de 185 mil para 500 mil vagas em cursos profissionalizantes. As escolas – hoje, 140 – serão 354.O EJA (Educação de Jovens e Adultos), embora acolha trabalhadores, não propõe educação profissionalizante. É preciso trocar o PAC, pelo PAD, Programa de Aceleração do Desenvolvimento.Sem recursos humanos qualificados, uma nação está fadada a sempre depender do mercado externo. Sem educação, o Brasil não tem solução. Nem salvação.

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